sexta-feira, 8 de agosto de 2014

dispo-me, não me dispo

despes-me
e eu não me dispo
não quero
que me vejas

dispo-me
não me dispo

e as mãos
que me apertam
a garganta
não sei de quem são

dispo-te
dispo-me
e a quem pertencem
os resquícios
espalhados
pela cama?

despes-me
e eu não quero
que me vejas

não te quero
a sentir
a fragilidade
dos meus dias

dispo-me
e não me dispo
e ao colo
não tens mais
que farrapos
uma espécie
de porcelana
em cacos

despes-me
não me dispo

de que raio
te serve
a minha nudez?

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