ó vó, hoje acordei com a estranha sensação de que o dia de ontem tinha sido um sonho mau.
do alto do meu egoísmo, chorei...
não sei se te lembras, mas esta neta que em pequena dizia que te ia ensinar a ler, é mais de escrita do que de flores, e a pele hoje pede-me que escreva.
enquanto me preparo para te acompanhar, fisicamente, nessa viagem que farás mais tarde, esse local onde irá ser depositado o teu corpo frágil, a minha cabeça fervilha de recordações tuas... e são tão boas, vó!
quero alegrar-me porque não vais precisar mais de sondas, soro e oxigénio. quero rir de satisfação porque o teu sofrimento terminou. quero agradecer a Esse em quem acreditavas por te fechar os olhos vazios.
mas hoje não posso, vó. hoje tenho de ficar triste porque vou sentir a tua falta, porque a vida sem ti vai ser incompleta, porque haverá momentos que serão dilacerantes.
permite-me que te chore hoje, vó. permite-me salgar esta tristeza que partilho com os meus. hoje não sou só a Livita. hoje sou as três irmãs pequeninas, hoje sou o Tó, a Dri e o Pedro. hoje sou o João, o Zé e a Rita. hoje sou a Ana e o João Filipe. sou também os netos que de emprestados nada têm porque os fizeste teus. hoje sou a Inês e a Maria.
sabes vó, a tua alma imensa vai ficar connosco, fazes parte integrante da nossa vida, de um modo que só tu saberias fazer, porque és única e porque estiveste sempre ao nosso lado.
o Zé Macedo seguramente que se ri de contente, porque há vinte anos que espera por ti.
e não vais mais estar sozinha, vó.
onde quer que seja que te leve Este a quem hoje rezaremos, ficas connosco também. e acho que falo em nome de todos os meus primos se disser que tu foste uma avó especial, que tu nos pertences como só aos netos se pode pertencer.
amamos-te, vó, em vida, e esse amor não morrerá com o teu corpo frio, mas viverá connosco até ao dia em que, como tu hoje, abalarmos desta térrea existência...
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
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