sexta-feira, 10 de julho de 2009

guardo comigo

guardo comigo o sufoco
da inexistência e da efemeridade

guardo comigo o silêncio
cantado aos ventos da loucura

guardo comigo o fogo
da manhã rubra de sol

guardo comigo a cor
da chuva fugidia de inverno

guardo comigo o mundo
que em mim caberia
se a alma toda me inundasse
se o despoletar de um abismo
em vapor me transformasse

e arderia o mundo inteiro
se o sol que me arde cá dentro
rebentasse

e guardo comigo esta impotência
contra mim própria

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